Sábado, 23 Nov 2024

Discalculia: a vida sem números

Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*

O interesse neuropsicológico pelas dificuldades de aprendizagem da matemática é relativamente recente, por volta de meio século de existência, talvez devido a sua representação social, pois a matemática é considerada um domínio do conhecimento muito difícil; talvez, o mais abstrato e difícil de todos.

O que pode ter contribuído para despertar o interesse neuropsicológico pela aritmética é a informatização e a tecnificação crescente em nossas vidas. Podemos dizer que estamos vivendo na era cognitiva, na qual a formação matemática é uma ativo econômico importante, além, é claro, do avanço das Neurociências.

Considerando o contexto que vivemos hoje, com a matemática presente em diversas áreas do conhecimento, percebemos que pais, professores e pesquisadores estão mais interessados em entender as dificuldades de aprendizagem relacionadas à matemática, buscando diagnóstico e intervenções eficazes.

As dificuldades em matemática sempre foram tratadas com naturalidade. Quantas pessoas passaram a infância angustiadas antes das avaliações escolares (alguns ainda passam), esperando o pior ou se contentado em alcançar apenas a média, evitando assim recuperações ou reprovações. Quantas pessoas você já ouviu dizer que odeiam matemática? Pode ser até que você seja uma dessas pessoas.

Em alguns casos bastam horas adicionais de estudo ou uma boa dose de autoeficácia para conseguir um resultado aceitável. Porém, infelizmente, não funciona assim com todos. Existe uma parcela de crianças que realmente apresentam transtornos relacionados a essa área específica, o que compromete as habilidades cognitivas fundamentais para o aprendizado dessa disciplina e precisam de intervenções precoces e bem específicas para que consigam superar as dificuldades e evitar os inadequados rótulos, como "preguiçoso" e "burro", os quais já critiquei em artigos anteriores.

Existe um transtorno chamado "Discalculia do Desenvolvimento" (DD), o termo "discalculia" também pode ser entendido como "cegueira para números". Para que a discalculia seja diagnosticada como um transtorno é preciso que ela seja causada por condições intrínsecas do sujeito, pois causas extrínsecas, como um ambiente desfavorável ao aprendizado, doença ou fadiga também podem causar sintomas de discalculia, porém de caráter temporário.

A Discalculia do Desenvolvimento é um transtorno de aprendizagem e geralmente se manifesta em crianças, pois estão em idade escolar, sendo seus principais sintomas a dificuldade para pensar, refletir, avaliar ou raciocinar atividades relacionadas à matemática.

As crianças que são diagnosticadas com Discalculia possuem incapacidade de identificar sinais matemáticos, montar operações, classificar números, entender princípios de medida, seguir sequências, compreender conceitos matemáticos, relacionar o valor de moedas entre outros.

Geralmente a discalculia é notada por volta dos 7 anos de idade, pois é quando a criança está aprendendo novos conceitos como: soma, subtração, multiplicação e divisão.

Para que o tratamento seja eficaz é importante um diagnóstico precoce. Como qualquer outro problema, quanto antes for identificado e tratado, antes a criança vai aprender a lidar com a dificuldade e a utilizar ferramentas que precisará para se adaptar aos novos processos de aprendizagem, reduzindo também o risco de sofrer mais atrasos no seu desenvolvimento e de ter sua autoestima afetada.

Portanto, se você observou esses sintomas em alguma criança que convive com você, busque uma avaliação profissional para que as intervenções comecem o mais breve possível.

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/

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