Inclusão na Escola: um ato de humanidade
Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*
Hoje vivemos imersos em um mundo tecnológico, sendo bombardeados de informações diariamente, compartilhamento de ideias e ideologias, com tudo mais acessível, ouvimos constantemente falar de "inclusão" e seus desdobramentos ao longo dos anos. Enquanto seres humanos, temos a consciência de que tudo que "vive" neste planeta tem direitos que precisam ser respeitados e cumpridos, afinal estamos aprendendo a coexistir.
Com essa introdução eu deixo uma pergunta para reflexão: o que torna uma sociedade inclusiva? Convivemos com tantas diferenças entre seres humanos, como garantir que todos tenham seus direitos respeitados? Historicamente, na humanidade, são justamente as nossas diferenças que sempre foram motivo de ódio, rancor e guerras. As diferenças humanas, tanto físicas quanto mentais, causam grandes abismos entre os povos e a sociedade.
Quando falamos em inclusão escolar, as políticas e práticas de inclusão são uma forma de garantir não apenas o direito de frequentar uma escola, mas principalmente de ser visto como "único", com necessidades próprias de aprendizagem, explorando suas habilidades com diversos recursos e metodologias, independente de suas limitações. A educação deve estar presente em diversos lugares e não apenas dentro das paredes da instituição escolar.
Sim, o espaço educativo pode ultrapassar os portões da escola, podemos ensinar e aprender em sala de aula, mas também podemos estar em uma tribo, parque, campo, biblioteca, museus, dentro de casa, só precisamos de pessoas que enxerguem além das aparências, limitações e dificuldades, transformando tudo isso em oportunidades para o caminho até o conhecimento. Só teremos uma sociedade realmente inclusiva, quando o país conseguir fazer uma educação inclusiva de qualidade.
Os questionamentos que mais recebo por onde passo é em relação ao objetivo de manter um aluno com atrasos importantes na leitura, escrita e conhecimentos matemáticos dentro da sala de aula regular, uma vez que ele não consegue acompanhar os conteúdos que são apresentados, principalmente a partir do 6º ano do ensino fundamental. É aí que entra realmente a inclusão, enxergar o indivíduo como único, considerando suas potencialidades, como também suas limitações e dificuldades para elaborar uma adaptação curricular que atenda às necessidades desse aluno. Nestes casos é preciso a elaboração do PEI (Plano de Ensino Individualizado) para o aluno em questão.
Essas adaptações curriculares consistem no planejamento e propostas de atividades e procedimentos didático-pedagógicos como práticas alternativas necessárias ao processo de ensino aprendizagem dos alunos com algum tipo de necessidade especial, ou seja, um trabalho individualizado, porém não isolado. A troca entre os professores é essencial para a elaboração dessas adaptações, se todos se unirem com o propósito de realmente ajudar esses alunos, tenho certeza que teremos resultados incríveis em sala de aula, o que precisamos é de iniciativas.
O objetivo sempre deve ser a qualidade de vida e a autonomia do aluno, levando em consideração a sua realidade. O educador além do papel de transmissor do conhecimento, também é um mediador do aprendizado.
A inclusão no Brasil está caminhando em passos lentos, principalmente na capacitação dos docentes e nas adaptações físicas do ambiente para receber esses alunos. Hoje, além do atendimento clínico, dou aulas nas formações que são voltadas a inclusão, trabalho com o tema do Autismo, na rede pública. Vários municípios estão investindo nessas formações para a comunidade escolar, o que demonstra que existe sim uma consciência maior em relação a importância deste trabalho, porém percebo que todos ainda estão aprendendo como fazer a inclusão com qualidade, principalmente em sala de aula.
E se você é da turma do "NÃO É PROBLEMA MEU", sinto em te dizer, mas sim, é problema seu e de todos nós. Se queremos uma sociedade mais justa, se não queremos perder os jovens para o crime, sim, é problema nosso. Precisamos oportunizar um futuro para esses jovens e crianças com necessidades especiais, isso se chama HUMANIDADE e só conseguiremos isso através de uma educação de qualidade!
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/
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