Não adianta educar os filhos somente pela razão
Não adianta querermos educar nossos filhos somente pela razão - não funciona!
Imagine uma situação onde certa mãe, atrasada para o trabalho, tem que vestir seu filho pequeno, arrumar o café e preparar a lancheira. Nesse vai e vem, o menininho não quer vestir o calçado e muito menos a camiseta que a mãe separou. Resultado, estresse total! Birra de um lado e perda do controle do outro!
Agora pense em outra situação em que a mãe acabou de chegar do trabalho, no fim do dia e tem que organizar alguns assuntos da casa e preparar o jantar. Em meio aos afazeres, dois irmãos de cerca de 5 e 8 anos começam a brigar, empurrar, gritar e bater. Essa mãe sente que está mergulhada num caos.
Temos duas situações distintas, porém, com algo em comum: como lidar com as crianças quando elas ficam "desreguladas"?
Não tenho dúvida que o desejo de qualquer cuidador amoroso é acertar na educação dos filhos, serem justos, ensinar o bem e desenvolver autonomia e respeito aos pequenos. Saber que eles estão aptos para atrair bons amigos e terem um ótimo suporte em casa.
Para orientar a educação de nossos filhos não adianta apenas ter inteligência ou cognição - é preciso mais do que isso - é preciso trabalhar primeiro nossas próprias emoções. Saber lidar com nossos sentimentos!
Precisamos reconhecer o que sentimos para depois orientar as crianças como funciona a emoção em nosso corpo e num contínuo desenvolver a educação emocional. Mas o que seria a "educação emocional"? A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo.
Para os filhos aprenderem a autorregulação emocional eles precisam de um "primeiro professor" - os pais.
Mas onde a criança pode aprender tudo isso? Existe escola de inteligência emocional?
A família é a nossa primeira escola emocional. É na família que aprendemos como nos sentimos em relação a nós mesmos e como os outros vão reagir a nossa forma de pensar, sentir e agir. Portanto, é na família que aprendemos a construir sonhos e esperanças. Nesse contexto, os pais são as bases reflexivas e de comportamento para os seus filhos. Alguns pais são experts em educação emocional, outros nem tanto assim. Sem falar nos pais que mal enxergam e interpretam seus próprios sentimentos, o que dirá os sentimentos dos filhos!
O que os pais poderiam fazer para ajudar seus filhos?
Pesquisas apontam que existe dois tipos de pais: os que orientam seus filhos emocionalmente e os pais que não orientam.
No primeiro caso, pais que orientam emocionalmente os filhos, estes os norteiam a tolerarem os altos e baixos da vida e acolhem os sentimentos de raiva, frustração, tristeza e medo dos pequenos e aproveitam as oportunidades para orienta-los a lidarem com momentos difíceis e, com isso, constroem uma relação de parceria e confiabilidade. Não podemos esquecer que é quando o filho está "desregulado" que ele mais precisa do apoio e suporte pais.
Por outro lado, os pais que não conseguem manejar as emoções dos filhos, e aqui não quero afirmar que eles não amem seus filhos, podem reagir de algumas maneiras disfuncionais: 1- os pais que banalizam as emoções dos filhos (Qual é? Isso não é nada! Você está dramatizando!); 2- os pais punitivos e críticos que desqualificam as emoções da criança (Tá chorando por quê? Se você continuar com esse lê lê lê eu vou te bater e colocá-lo de castigo, ouviu?); 3- pais "fofos" que acolhem os filhos, mas não os ensinam e nem estabelecem regras e limites claros.
Os pais que reconhecem as emoções de seus filhos, ajudam-nos a nomear as emoções e oferecem-lhes uma chance de vivenciar suas emoções sem desprezo e crítica - simplesmente acolhe. Acima de tudo esses pais respeitam os sentimentos da criança e consideram suas opiniões. Isso não quer dizer que esses pais são fracos e elásticos demais. Pelo contrário, eles são firmes, porém, com gentileza.
São pais que percebem as emoções, reconhecem na expressão de uma emoção uma oportunidade para estabelecer contato e aprendizado, ouvem com empatia e legitimam os sentimentos da criança, ajudam seus filhos a nomear o que estão sentindo e exploram estratégias para resolução de problemas e simultaneamente impõe limites claros.
E você leitor, refletiu que tipo de pai você é ou quer ser?
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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