Quinta, 21 Nov 2024

O papel da motivação na aprendizagem de leitura e escrita

Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*

Neste artigo vou levar em consideração a perspectiva da Análise Comportamental, que considera, em princípio, que qualquer indivíduo é capaz de aprender, mesmo aqueles que apresentam limitações ou deficiências.

Indivíduos com inteligência considerada normal e mesmo os considerados gênios, podem ter deficiências graves em áreas específicas, e os considerados com deficiência podem ter bastante potencial em algumas áreas. O papel do professor é analisar os repertórios que pretende ensinar, identificar as habilidades dos seus alunos e também os comportamentos que eles ainda não dominam, ensinando esses comportamentos de maneira direta. Durante o procedimento de ensino é necessário avaliar constantemente os resultados para realizar as adaptações necessárias.

Os fracassos podem ocorrer?

Sim, porém o professor deve atribuir aos fracassos à inadequação dos procedimentos de ensino e não a características internas do aluno ou do meio. Nesta linha de pensamento, o professor conseguirá pensar em novas estratégias de ensino para atingir um número maior de alunos.

O ensino de leitura e escrita exige alguns pré-requisitos importantes, portanto se o professor identifica que o aluno ainda não os adquiriu, é possível ensiná-los de maneira direta para acelerar o processo de aprendizagem, não se apegando tanto a maturidade da criança.

A Análise do Comportamento acredita que muitas das dificuldades de aprendizagem da leitura estão relacionadas a inexistência de reforços positivos necessários no início do processo de aprendizagem dessa habilidade. A alfabetização escolar é realizada através de treino intensivo (que possui características aversivas) e em uma situação de grupo (sala de aula), onde o professor tem poucas possibilidades de acompanhar a aprendizagem de cada aluno individualmente e dar o reforço diferencial necessários para manter o aluno motivado. Segundo Skinner (1968) os alunos acabam realizando as atividades principalmente para fugir de castigos e evitar ameaças.

Para favorecer a aprendizagem da leitura e escrita, podemos concluir, sob a perspectiva da Análise do Comportamento, que utilizar exercícios sistemáticos, porém em situações informais e lúdicas, é um dos caminhos para tornar o ensino mais prazeroso e menos aversivo, pois essas atividades trarão um reforço positivo para a aprendizagem.

O professor pode escolher brincadeiras de acordo com as dimensões relevantes para o que está planejando ensinar. Há muitos jogos e brincadeiras que envolvem controle pelos sons constituintes das palavras. Brincadeiras envolvendo rimas, por exemplo, requerem que a criança discrimine sons componentes das palavras, o que favorece a aprendizagem.

A singularidade de cada criança é um fator muito importante a ser considerado pelo professor, pois situações que promovam a aprendizagem de muitos alunos, podem não ter o mesmo resultado para uma parte dos indivíduos. No caso destes alunos com maior dificuldade, na maioria das vezes, buscar outros procedimentos de ensino é mais útil do que os rótulos. Em alguns casos, apenas uma atenção mais individualizada já é suficiente.

Concluindo, quando acreditamos que todos podem aprender, eliminamos os rótulos e buscamos novas maneiras de ensinar, com criatividade e muito estudo científico. Com esse olhar mais apurado para as características individuais de cada aluno, conseguimos elaborar procedimentos de ensino mais eficazes. É necessário eliminar as barreiras de aprendizagem que podem estar impedindo uma criança de adquirir um determinado repertório, além de tornar o processo de aprendizagem de leitura e escrita mais prazeroso, para que nossas crianças tenham experiências positivas e desenvolvam o gosto pela leitura.

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/

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