Como ajudar seu filho numa crise de raiva (Parte 1)
Dra. Regiane Glashan*
Tenho certeza que você já se sentiu impotente numa crise de raiva de seu filho e que isso o deixou angustiado. A criança que costumava ser fofa, obediente, amável, de repente começa a gritar, chutar e se jogar no chão como um saco de batatas.
Porque será que isso acontece se eu tento ser um pai ou uma mãe presente, amoroso e respeitoso com meu filho?
Na verdade a crise de raiva não tem muito a ver com nosso estilo parental ,e, sim com a imaturidade cerebral do pequeno e também a sua falta de repertório linguajar. Isso quer dizer que os pequenos não conseguem dizer o que há de errado ou do que precisam.
Como eles não conseguem expressar em palavras suas necessidades, a criança expressa por meio de seu corpo - expressão corporal.
Os sentimentos e emoções acabam surgindo na forma física: choram, gritam, se debatem, chutam, alguns mordem, etc. Parece que deixam de ser humanos e se tornam "meio que ETs"!
Por outro lado, os pequenos carecem de aprendizado e quem pode ajuda-los nesse processo de controle dos impulsos são os cuidadores. Quando frustrados ou irritados eles entram num sistema automático de estímulo-resposta e é aí que o bicho pega!
No mundo desses pequenos seres, os desejos e vontades são experienciados como algo urgente e inquestionável: "Se você não me der o brinquedo eu vou morrer!". Isso quer dizer que o ataque de raiva, birra ou de frustração nada mais é que do um protesto infantil frente ao seu desejo negado!
Portanto, a crise de raiva dos pequenos não é manipulação, desafio ou outra estratégia de convencimento de seus cuidadores, e, sim imaturidade cerebral.
Precisamos como pais entender que esse quadro não é uma aberração de uma criança em específico e sim a expressão de emoções ainda mal direcionadas e que pode nos acompanhar até a fase adulta. Afinal, quem de nós nunca fez uma birra?
As crises de raiva têm se tornado mais evidente na atualidade, devido o momento conturbado que estamos vivendo - a pandemia do Covid.
As crianças estão mais presas em suas casas, deixaram de conviver com a família e coleguinhas e a expressão das emoções ficaram mais embutidas.
Não é por isso que não vamos ensinar nossos filhos a lidarem com as emoções difíceis. É nosso papel ajuda-los a fazer a regulação emocional, principalmente por meio de nosso comportamento e modelagem.
No artigo da semana que vem, vamos abordar maneiras de ajudar nossas crianças a lidar com a raiva e outros sentimentos difíceis de sentir e de expressar.
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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