Como ajudar seu filho numa crise de raiva (Parte 2)
Dra. Regiane Glashan*
Na semana passada introduzimos o que significa uma crise de raiva ou de birra para as crianças. Hoje vamos falar sobre como ajuda-las a fazer regulação emocional - vou deixar algumas ferramentas de controle da raiva para ajudar você e seu filho a controlarem as emoções.
- Aceite a raiva de seu filho: quando seu filho tiver uma explosão de raiva diga de maneira objetiva e clara: "Vejo que você está com raiva. Entendo que você quer ficar no parquinho e temos que ir pra casa!". Com essa ferramenta nós validamos a expressão emocional da criança, mostramos nossa compreensão, colocamos um limite gentil e firme e mostramos para a criança que ela não precisa esconder o que ela sente.
- Incentive a criança a usar palavras: devido a imaturidade no linguajar, as crianças não sabem o que falar no momento de crise. Assim, você precisa ajuda-las no processo: "Quero ouvir o que está lhe incomodando. Se você usar palavras posso entender melhor e lhe ajudar". Muitas vezes, precisamos ajudar no processo e "traduzir" a emoção ou o desejo da criança e perguntar a ela se era isso que ela queria dizer. Por volta dos 5 anos a criança começa a aprimorar o controle dos impulsos agressivos.
- Encontre uma solução positiva: evite usar um "cala boca" do tipo: "Engula o choro"; "Não seja maricas"; "Você é uma tolinha", etc. Na verdade, as crianças precisam de ajuda para superar a raiva. Tente encontrar uma solução viável, algo como distração e redirecionamento para outra atividade. Você ainda pode dizer: "Eu sei que você está chateado por não irmos a pracinha. Que tal brincarmos de pintar com lápis de cor na sala?".
- Desacelerar: o ideal é prevenir a crise de birra antes que ela aconteça. Em vez de lançar um belo NÃO quando a criança lhe pedir algo, introduza um "vamos ver!". Esse tempo de pausa ajuda a desviar a atenção de seu filho e lhe dará oportunidade para fazer outra tarefa ou sugerir algo interessante.
- Encontre um espaço calmo: se a birra acontecer num espaço público, procure encontrar um lugar calmo, evite julgar seu filho, puni-lo ou perder a cabeça. Quanto menos barulho e confusão houver, mais fácil será acalmar a criança. Tente algo apaziguador do tipo: "Venha sentar no meu colo e conversaremos a respeito!".
- Firmeza com gentileza: tudo bem você mostrar ao seu filho que sentir raiva não é um problema em si, mas você precisa deixar claro que o comportamento físico agressivo não é legal. Você pode dizer: "Ok! Eu entendo que você está com raiva e você não pode bater, chutar e machucar ninguém!", "Bater dói!", "Como podemos solucionar esse problema? Você quer que eu te ajude?". As crianças quando se sentem compreendidas elas tendem a colaborar.
Não espere que estas ferramentas funcionem de primeira. Com crianças o que vale é a perseverança e a modelagem por meio de nosso comportamento. Tenha paciência, tolerância, espírito de aprendiz e muita vontade de oferecer uma educação emocional saudável ao seu filho.
Tenho certeza que seu filho lhe agradecerá muito por todos esses ensinamentos e a sociedade também.
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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