Já ouviu falar em parentalidade "água-viva?"

Dra. Regiane Glashan*

"Em sua essência, os pais se inclinam para a ideia - e realidade - de que as crianças são superestimuladas correndo de uma atividade para outra. A teoria é que os pais arrastam seus filhos da aula para a atividade e para o esporte, não necessariamente com base em uma paixão ardente por piano, balé ou natação, mas principalmente para atender às pressões sociais dos pais, requisitos ou sentimentos que seus filhos não serão capazes de suportar. Ter sucesso em nossa sociedade significa frequentar a série de arte e a oficina de flauta e as aulas de francês nos fins de semana.

A ideia por trás da paternidade água-viva é que alguém ouve o que seu filho quer fazer - e apenas faz isso. Parece excelente até eu me sentar com a ideia de meu filho de dez anos está me dizendo que tudo o que eles querem fazer é jogar Roblox e Pokémon depois da escola pelo resto do ano letivo.

Todos os pais lutam com a melhor forma de apoiar seus filhos. A maioria de nós já teve que se fazer perguntas ao avaliar a programação do filho: isso é para mim? Isso é para alguém fora da minha família? Ou isso é realmente do interesse do meu filho?

Quando meu filho tinha quatro anos, imediatamente o matriculamos para o futebol. Ele não tinha interesse em esportes coletivos de nenhum tipo, mas eu estava cercado por pais do futebol em todos os lugares que eu ia e, então, eu disse a mim mesmo que ele aprenderia a jogar bem como os outros, desenvolveria novas forças e confiança e se tornaria um jogador de equipe! Talvez o futebol juvenil leve a uma bolsa de estudos um dia!

Avanço rápido para mim assistindo uma bola passar por meu filho que estava jogando "inseto morto" no campo de futebol. Ou aquela vez em que ele fingiu ser um zumbi e caminhou pela grama com uma jaqueta sobre a cabeça. Ou meu favorito pessoal - a vez em que ele pegou a bola de futebol e correu com ela. E continuou correndo. Apenas saiu correndo.

O que um pai água-viva faria?

Parte de ser um pai água-viva é abrir espaço para atividades diferentes ou nenhuma quando uma criança resiste ao cronograma - indefinidamente ou por um período de tempo acordado.

Nos anos seguintes, ofereci a ele uma série de atividades extracurriculares e opções de acampamentos de verão - muitas das quais foram informadas por meus interesses, paixões e pressões que senti em meu ambiente social imediato, pesando exponencialmente mais sobre meus ombros como pai. Da pintura ao desenho, do espanhol à natação, da magia à culinária, à bateria e ao teatro - tudo isso foi oferecido a ele. Ele experimentou alguns. E alguns, como arte e música, permaneceram.

Talvez a pandemia tenha ajudado a reorientar nosso tempo e nosso "porquê". Isso me ajudou a entender que só porque meu filho não quer fazer o último frisbee ou preencher as lacunas depois da escola, não significa que ele não será capaz de terminar algo do começo ao fim. Isso me ajudou a ouvir o que ele tem curiosidade e no que ele está realmente interessado. Isso me ajudou a ouvi-lo melhor.

Seja qual for o tipo de parentalidade que você esteja fazendo, tudo o que importa é que você está fazendo o que é melhor para seu filho e sua família. Chame isso de criação de golfinhos, tigres ou águas-vivas - ou não, mas talvez possamos simplesmente abraçar a jornada e tropeçar juntos em direção a uma boa qualidade de vida familiar".

Achei esse texto interessante e quis dividi-lo com vocês. Será uma nova modalidade parental?

O que vocês acharam?

(Kristene Geering, diretora de educação do Parent Lab - https://www.parents.com/)

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia