Uma questão de Emes
Como diria o Lula, é melhor dizer a verdade. Vai daí, e só para dizer a verdade, nem sei se o Lula disse ou pensou em dizer isso algum dia, alguma vez, sei lá.
O Lula é o Lula, mano. Nunca se sabe o que ele disse, se é que ele disse ou chegou a pensar em dizer isso ou até aquilo. Talvez a quilos. Ou toneladas de quilos. Alguns (nem vou nomear que alguns são esses, claro), alguns, dizia, chegam a dizer que na verdade ainda não se sabe, nem mesmo se o Lula pensa. Se é que pensa. E se pensa, em que diabos ele pensa? Pelo menos eu não sei.
Verdade, verdadeira, aqui no Brasil, o tal país que a gente chama de "nosso país", e que, por sinal, também não se sabe se é meu, se é seu o tal país, e até, exatamente por isso, muito menos se sabe de quem seja o país. Se você sabe, por favor, digaí: de quem é
" Sem conta "
Ele é tão grande, tão enorme, tão gigante esse nosso tão nobre e pobre, ou até rico país que a gente até perde a conta. Pior que perder a conta é a gente acabar perdendo a vontade de contar. Vai daí, e, portanto, é melhor a gente nem contar com o Brasil. Sabe-se lá Na hora do vamos ver a gente pode tomar um gol e pimba! Lá se vai a Vitória pras cucuias.
Já que as coisas são assim e diante disso, prefiro as cucuias. Se bem que eu simplesmente desconheça o que são as cucuias. Que cucuias serão essas? O que é uma cucuia? Você sabe? Porque eu não sei, no máximo fico imaginando o que são e onde ficam. Eu acho que vivo nas cucuias. E você?
Taí uma boa proposta para todos nós, brasileiros afoitos, ansiosos pelas grandes verdades, passarmos a discutir as cucuias.
Desde criança ouço dizer que quase tudo já foi pras cucuias. Sem nenhum tipo de certeza, acabo pensando que as cucuias pertencem a algum partido político, algum país estrangeiro, algum time de futebol, sabe se lá. Só que, de repente eu lembro que, pelo menos naquele tempo, quando alguém perguntava pra outro alguém: "e a nossa grana?" Ou, então, "e a nossa vergonha?" - e tantas outras perguntas do gênero, feminino ou masculino, a resposta sempre era: "Foi pras cucuias!".
" Quem manda? "
Ó dúvida cruel: quem manda nas cucuias?
No mínimo são uns filhos da mãe, pra não dizer filhos de outra coisa, concorda? Os pilantras vivem nas cucuias e nós aqui, os desprezados, vivendo neste merdel incontrolável.
Por sinal, o computador, eu falo do meu computador, me deu conta de que o merdel não é termo tão usável ou utilizável assim, por bananas, à troco de nada ou à troco de bananas. Merdel é merdel, mano. Merdel é esse caso que a gente vive. E não se sabe, pelo menos eu não sei se o caso é só o caso ou se é o acaso. Talvez fosse o caso e até melhor, o ocaso, o Lula explicar pra gente?
Logo, em sendo assim, o caso ou o ocaso é esse: como foi que o Lula chegou lá? Eu falo do Lula, mano. O Lula chegou e está lá já faz tempo.
" Nos começos "
No começo os caras, em geral, diziam que o Lula era metalúrgico. Só que ninguém explicava que tipo de metalúrgico o Lula era. Sei que ele ia para as fábricas, juntava uma porção de grupinhos só pra ir contra os grupões. Os grupões seriam uns cinco ou seis colegas de copo, perdão, colegas de plantão, e não colegas de boteco. Eles faziam e provocavam o maior movimento nas portas das fábricas.
"É nóis mano!".
Acho que era esse o grito de guerra.
Barricadas.
Barricadas e birras. Cervejas, caninha e outros aparatos pra aguentar o sol e a chuva, tentando pedir ou impedir que trabalhadores entrassem nas fábricas.
"Ora essa! Se é pra descansar nóis para". E parava, mesmo. Paravam por querer ou paravam até sem querer.
De parada em parada o Lula foi parar lá em cima. E continua por cima de nóis.
"Nóis é nóis, mano!"
Os "nóis" faziam greve e depois continuavam fazendo greve, graves greves, e greves graves.
" Nóis é nóis "
"Nóis é nóis, mano!" Quando a "cana" vinha, nóis sumia. Quando a "cana" saía, nóis vortava.
E assim foi por muito tempo, tanto tempo que o Lula, um trabalhador das grandes greves (sim, fazer greve era o trabalho dele), acabou ficando famoso. Ia em cana hoje, estava solto amanhã. Voltava depois e era solto. E tinha o depois do depois de amanhã. Virou ídolo das cadeias. Tanto que prendeu as cadeias ou as greves ou sei lá o que. Sei que dava manchete nos jornais. Sei que virou coitado (o coitado neste ponto, não tem nada a ver com o significado original do "coitado"!). Não, não é e nunca foi nada legal ser "coitado". É, ou não é? Pois é!
Mas, enfim, de greve em greve ele chegou em Brasília. O "cara" é chegado, mano.
" Herói "
Já correu o mundo inteiro. Virou herói nacional.
Tá lá, pra todo mundo ver. Viaja mais que avião de carreira ou de voar mesmo. Mais que nada, mais que tudo. Viaja até na maionese, como diria o caipira, mesmo sem saber o que é que a maionese tem a ver com isso, com as viagens, especialmente com as viagens do Lula. São tantas viagens que até eu já estou viajando nessa maionese toda. É Lula lá, mano! Tá vendo? Pois é. Todavia, ainda bem, quem tem Lula não tem Trump. Não é uma maravilha? Trump é o um dos maiores milionários do mundo e está lá, presidentão, mandando em tudo quanto é canto.
O Lula é o pobre que virou presidente. Manda também. Só que não manda em tudo que o Trump manda. O bom seria a gente poder mandá-los para se mandarem sozinhos, independente da nossa existência. Por sinal seria bem mais fácil a gente mandá-los pra qualquer lugar do que sermos mandados por eles, eles que nos mandam praquele lugar.
Qual é o nosso lugar? Besteira ficar raciocinando, pra gente é qualquer lugar e os melhores lugares são pra eles, os Trumps, os Lulas, os sei lá quem e sei lá quantos. Os que mandam. Os que a gente deveria mandar e mandar todos eles pras "eme" que eles vivem nos mandando. Que eme, não?
Que eme!
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