Você sabia que o sono impacta na sua alimentação?
Cássia Lozzi Navas*
Dormir bem pode influenciar diretamente na alimentação, tanto nas escolhas alimentares, quanto na regulação de fome e saciedade, na perda de gordura e na manutenção de massa muscular. Isso tudo tem relação porque dormir, além de ser um momento de descanso para o nosso corpo e mente, também auxilia na regulação de hormônios.
Quando dormimos mal, por exemplo, temos um desequilíbrio na produção de determinados hormônios: ocorre a diminuição dos níveis de melatonina (principal hormônio do sono, responsável pelo nosso "relógio biológico"), de leptina (hormônio que induz mais saciedade) e do GH (hormônio do crescimento, que auxilia na manutenção muscular). Por outro lado, ocorre o aumento da grelina (hormônio que induz mais fome e aumenta o apetite) e do cortisol (liberado em situações de estresse, contribuindo para o aumento no armazenamento de gordura abdominal).
Ter altos níveis de cortisol pode inibir mais ainda a produção de melatonina, o que prejudica mais a qualidade do sono. Sendo esse sono ineficiente, as regulações dos hormônios de fome e saciedade se alteram, logo o apetite no dia seguinte pode ser modificado, aumentando a procura por alimentos em horários diferentes dos normais e a busca por alimentos mais calóricos, afim de compensar as horas não descansadas e nos manter mais acordados.
Para que não ocorra este desequilíbrio na produção da melatonina e não tenha alteração nas regulações dos hormônios citados, as horas de sono devem ser adequadas - é uma questão individual, mas a média necessária entre os adultos é dormir de 7 a 8 horas diárias (crianças dormem mais de 9 horas).
Diminuir a exposição aos aparelhos eletrônicos, como computador, tablet, celular e televisão antes de dormir também é positivo, pois nosso corpo não diferencia o estímulo luminoso desses aparelhos (luz artificial) da luz solar (natural), e ele pode entender que o dia já começou ocasionando o aumento da produção de cortisol e a diminuição da melatonina.
Por último, outro cuidado importante, é evitar os alimentos estimulantes no período noturno, como café, chá preto, chá mate, chá verde, chocolate, energético, bebidas alcoólicas, alimentos muito açucarados como refrigerantes, entre outros.
Gostou desse conteúdo? Me escreve para me contar o que achou.
(Referência: CIPOLLA-NETO, J. et al. Melatonin, energy metabolism and obesity: a review. Journal of Pineal Research. v. 56, p. 371-81. 2014)
* A autora é Nutricionista (CRN3-47509) graduada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e aprimorada em Transtornos Alimentares pelo AMBULIM IPq-USP. Realiza atendimentos clínicos com abordagem comportamental em consultório particular. Atua em prevenção e educação alimentar, com experiência em transtornos alimentares, obesidade, comer transtornado, e com pessoas que, de maneira geral, querem ter um olhar mais gentil com a alimentação e com o corpo. Instagram: @nutricassialozzinavas e e-mail: oinutricassia@gmail.com
Veja mais notícias sobre Saúde.
Comentários: