Algumas crianças são mais difíceis de lidar
Dra. Regiane Glashan*
É algo sobre o qual poucas pessoas falam: algumas crianças são apenas mais difíceis do que outras. É comum os pais com mais de um filho falarem sobre isso, quer em roda de amigos quer dentro da própria família.
Mas o que será que leva um filho a ser diferente do outro em essência?
Desde o início, a primogênita de Maria Clara, a Luara era uma bebê calma e fácil de lidar. Se adaptou facilmente a uma rotina de sono, mamava em livre demanda e já na primeira e segunda infâncias nunca teve comportamentos desafiadores e difíceis de lidar. Por ser uma bebê tranquila e uma criança afável, Maria Clara se sentia uma mãe assertiva e muito confiante em sua forma de criar e educar sua filha.
Após 4 anos do nascimento de Luara, nasceu a Maria Luísa. Uma criança muito diferente de Luara. Mais agitada, exploradora, destemida nos ambientes a sua volta. Dificilmente atentava para os sinais de perigo emanados pelos pais, detestava acordar cedo para ir para a creche e tinha crises de "birra" muito mais frequentes que a Luara na mesma idade correspondente.
Maria Clara costuma dizer que se sentia muito fatigada com a caçula e que cedia a muitas coisas para evitar conflitos com a Maria Luísa. Os pais costumam conversar sobre como educar as meninas da melhor maneira possível, mas sentiam que estavam falhando com a pequena. O casal referia ser gentil e amoroso com as meninas, mas que vira e mexe perdiam o controle com a caçula: gritavam e a puniam de alguma maneira.
Qualquer pessoa com dois ou mais filhos sabe que os irmãos podem viver sob o mesmo teto com as mesmas regras, mas que os filhos vêm ao mundo com suas personalidades e temperamentos únicos e essa é a verdadeira essência (claro que não desconsidero o ambiente). E além disso, você nunca é o mesmo pai duas vezes. Alguns pais recebem tarefas muito mais difíceis do que outros.
É perfeitamente compreensível sentir-se frustrado porque seu filho parece mais difícil de administrar do que os filhos de seu amigo ou ficar chateado porque estão sendo injustamente julgados por estranhos e pela família.
Você tem um dos trabalhos mais nobres que existe: sobreviver aos estágios difíceis de seu filho, sem perder sua confiança ou o autocontrole. Mas, saiba que não é impossível!
Se você se despir do manto dos pais perfeitos e da crença que os filhos são iguais, você verá que são nas peculiaridades de cada filho que nós nos desenvolvemos melhor enquanto progenitores e enquanto seres humanos. Vale a máxima também: "Se não der conta, procure ajuda especializada em orientação parental!".
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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