Parei de ameaçar meu filho e deu certo!
Dra. Regiane Glashan*
Eu sei que para obter um bom comportamento das crianças muitas vezes apelamos para a ameaça. A mãe ou pai que nunca fez isso que atire a primeira pedra!
A ameaça pode ser física ("vou te bater quando chegar em casa!") ou até psicológica ("vou contar tudo o que você fez para o seu pai!"). E tudo isso tem um nome: ameaça com consequência!
Antes de eu me tornar uma educadora parental positiva eu ainda acreditava que ameaçar tirar a sobremesa da criança era uma maneira de modular seu comportamento. Como mãe, posso dizer que por vezes as minhas ameaças funcionavam e por outras havia muita retaliação a posteriori. Contar até 3 era o mesmo que não dizer nada, pois, as crianças fingiam ou não ouviam mesmo!
Operar no modo "consequências naturais" não é fácil. Primeiro porque não queremos encarar o desapontamento de nossos filhos, segundo porque não queremos ser punidos indiretamente. Algo do tipo: "Combinamos o que você pode fazer no restaurante. Caso o acordo não seja cumprido voltaremos para casa sem o almoço!". É chato e cansativo! Porém, não afirmo que é incorreto.
Com minha experiência e com meus estudos percebo que optar por uma via de menor resistência é mais factível e é uma maneira de mantermos nossa coerência e credibilidade.
Eu lembro que certa vez, eu e minha filha de 4 anos, fomos convidadas para a inauguração de uma loja de brinquedos perto de casa. Ela falou sobre o assunto por dias. No dia do evento, parece que minha filha acordou de "ovo virado" e fazendo tudo que ela costumava não fazer. Fiz ameaças do tipo: "Se você não parar de jogar miolo de pão no chão não vamos na inauguração da loja!"; " Se você não parar de pular no sofá esqueça a loja de brinquedos!".
Parecia que minha filha queria dizer algo que eu não estava entendendo! Por mais que eu quisesse leva-la a inauguração da loja eu sabia que era a hora de estabelecer um limite!
Respirei fundo e anunciei a minha filha que a ida a inauguração da loja estava cancelada e que devido ao seu comportamento iriamos ficar em casa!
Claro que a aceitação foi péssima e o "chororô" correu solto (quase à beira de chamar o SAMU - kkkk).
Claro que me senti desconfortável e ao mesmo tempo chocada com a explosão de minha filha. Moral da história, eu tive que priorizar a disciplina de minha filha sobre meus desejos, e, dizer não (de maneira gentil e firme) naquela situação era o que ela precisava ouvir.
Desde que isso ocorreu, minha filha passou a fazer "um momento de pausa" antes de uma explosão ou de ignorar nossos combinados. Oferecer limites o tempo todo as crianças é cansativo e contraproducente. Entretanto, limite na hora certa opera milagres.
Você concorda?
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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