Quinta, 21 Nov 2024

Você conhece os estilos parentais? (Parte 1)

Dra. Regiane Glashan*

Os Estilos Parentais são formas peculiares dos pais lidarem com seus filhos e que podem influenciar diretamente na forma das crianças enxergarem a si, ao outro e o mundo. Vou apresentá-los de maneira bem resumida. Se você quiser saber mais, acesse: terapeutadebebes.com

1. Autoritário
* Há rigidez extrema: a criança não é escutada, a comunicação não flui.
* A obediência é imposta e o respeito é exigido pela autoridade.
* A relação é cheia de regras que não levam em consideração a opinião, os desejos ou as necessidades da criança.

Como identificar esse estilo parental
Os pais autoritários têm aquele jeitão "meio militar" - duro na queda. Não só na fala como no corpo. Se observarmos a expressão corporal desses pais é de pouca flexibilidade - meio rígidos. São controladores e cobram obediência restrita dos filhos. São pais exigentes em várias situações: limpeza, ordem, regras, estudo, etc.

São pais que não se sentem incomodados em criticar as crianças por uma ação que eles não julgam "perfeita" (guardar brinquedos, escolher a roupa, expressão de um comportamento, etc.). E isso não se restringe ao domicílio.

Apresentam dificuldade em lidar com as emoções dos filhos e não é raro ouvirmos desses pais: "Engole o choro!" - "Não faça tempestade em copo d'água - Não é pra tanto!" - "Não doeu nada, logo passa!".

Para esses pais sentir ou demonstrar emoções difíceis de lidar (raiva, tristeza) é sinal de fraqueza ou deficiência de caráter. Acreditam ainda que se a criança expressar o que realmente sente, ela estará manipulando os pais e com isso a disputa de poder não é rara. Frases do tipo: "Você vai ver quem ganha!" - "É de pequeno que se entorta o rabo!".

Se a criança expressa seu descontentamento um dos pais pode dizer: "Pare de ser um bebê chorão!".

Quais os impactos deste tipo de criação no desenvolvimento da criança
A criança aprende que seus sentimentos são inadequados, errados ou impróprios. A criança frente a essa inadequação pode desenvolver a crença de que ela é inadequada, que apresenta algum defeito, que algo está errado com ela, e assim, cresce com um sentimento de vergonha. São crianças com dificuldade de regulação emocional por falta de modelagem.

Podem ser vítimas ou provocadoras de bullying na escola ou até mesmo na fase adulta com seus filhos ou colegas de trabalho.

Não é raro surgirem algumas desordens emocionais nesses indivíduos (depressão, ansiedade, sensação de vazio, agressividade, etc.).

2. Permissivo
* Há muito carinho, afeto e atenção as necessidade dos filhos.
* Os pais não conseguem apresentar regras e limites, pois evitam exercer a autoridade.
* Os maus comportamentos são tolerados e os bons não são incentivados.
* A criança está à frente das decisões.

Como identificar esse estilo parental
Os pais permissivos parecem que vivem num momento "contracultura". Normalmente experienciaram em si mesmos o autoritarismo familiar e agora procuram fazer diferente. São pais que vieram de um extremo e se dirigiram ao outro extremo.

Aceitam livremente qualquer expressão de emoção por parte da criança e as reconfortam frente aos sentimentos difíceis de lidar como tristeza, frustração, raiva e outros.

Por outro lado, não costumam modelar o comportamento do filho: não o orientam sobre o certo ou errado, são permissivos e não impõem limites claros e factíveis, não ajudam as crianças a resolverem problemas, não ensinam à criança métodos de resolução de problemas.

Embora acolham as emoções desagradáveis, não sabem como ajudar as crianças a lidarem com elas, e assim, muitas vezes, acabam desconsiderando-as e, acabam ensinando as crianças a liberar o choro ("Chora que faz bem"!).

Quais os impactos deste tipo de criação no desenvolvimento da criança
As crianças filhas de pais permissivos não aprendem a regular as emoções, têm dificuldade de se concentrar nas atividades acadêmicas, pouco colaboram em casa, não demonstram persistência e espírito de colaboração, são egocentradas, não valorizam os "bens" e muitas vezes apresentam dificuldades em manter as amizades.

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia

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