Sábado, 23 Nov 2024

Consequências naturais: redefinindo punições para crianças (Parte 1)

Dra. Regiane Glashan*

Quando você permite que seu filho aprenda com as consequências naturais, é mais provável que ele compreenda as repercussões de suas ações.

No passado, "disciplina" muitas vezes significava privilégios revogados por mau comportamento. Bateu no teu irmão? Sem TV por uma semana. Não fez suas tarefas? Esqueça aquela ida ao shopping. Mas embora essa abordagem clássica possa fazer com que as crianças cooperem a curto prazo, a pesquisa agora mostra que não é a melhor maneira de ensinar lições para a vida toda.

Hoje em dia, muitos especialistas encorajam os pais a permitir que seus filhos experimentem o que eles chamam de "consequências naturais de suas ações". Se seu filho se recusar a usar o casaco num dia de frio, deixe-o - e ele provavelmente não brigará da próxima vez. Claro que não estamos falando de criancinhas pequenas e sim maiores de 4 anos.

Siga estas dicas para obter um melhor comportamento agora e no futuro.

Os três "R's" das consequências naturais

É mais provável que uma consequência ensine uma lição útil quando relacionada, respeitosa e razoável, explica Jane Nelsen, autora da série de livros sobre Disciplina Positiva.

- Relacionado: é claro, "relacionado" é o oposto de "aleatório". Portanto, se seu filho fizer bagunça, a consequência será que ele terá que limpar tudo.

- Respeitoso: "Respeitoso" significa que a consequência não envolve vergonha ou humilhação. "Seu filho já se sente mal quando faz algo errado". Se você disser 'Eu avisei' ou se o envergonhar depois, diminuirá o potencial de aprendizado porque ele parará de processar a experiência e, em vez disso, se concentrará na culpa.

- Razoável: " Razoável" implica que uma consequência deve ser uma tarefa que seu filho pode realizar - dada sua idade e conhecimento - e isso é proporcional ao seu mau comportamento. Isso os ajudará a se concentrar no que fizeram, em vez de ficar ressentidos com você. Se seu filho de 3 anos está brincando e derrubou uma caixa de leite, não espere que ele esfregue todo o chão sozinho. Em vez disso, limpe o derramamento juntos. Se ele se recusar, coloque sua mão suavemente em cima da mão dele e faça fisicamente o movimento com ele. Se estiver gritando incontrolavelmente, você pode segurá-lo no colo depois que pelo menos parte da bagunça for limpa. Quando seu choro parar e você sentir seus músculos relaxarem, elogie-o por ser capaz de se acalmar e seguir em frente.

Uma criança mais velha pode retrucar em vez de ter um colapso, mas resista ao impulso de ficar com raiva ou de deixá-lo fugir da bagunça. Você pode ajudar a neutralizar os argumentos mencionando uma consequência com antecedência ("Tenho notado um monte de embalagens de balinha pela casa. Por favor, coloque embalagens no lixo, ou a consequência será não ter mais balinha").

Quando o aviso prévio não for possível, ajude-os a pensar em soluções para o problema em questão. Por exemplo, você pode dizer: "Você deve estar chateado porque esqueceu que seu projeto vence amanhã. Entendo que você gostaria que eu fosse comprar os materiais para você agora, mas é tarde e não estou disposto a fazer isso. Você precisa de ajuda para descobrir algo que pode ser feito com os suprimentos que temos aqui em casa?

* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia

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