Use a disciplina a seu favor e proteja a autoestima de seu filho
Dra. Regiane Glashan*
Tenho certeza que a maioria dos pais não querem punir seus filhos. Apenas querem que eles se comportem melhor.
Mas o que seria um bom comportamento? Será que não estamos exigindo comportamentos perfeitos?
Antes de responder qualquer uma dessas perguntas temos que refletir: "Estou cobrando coisas de meu filho das quais ele realmente tem maturidade psicoemocional e neurológica para cumprir"?
É claro que amamos nossos filhos e até parece óbvio que eles deveriam ter uma boa autoestima e amor próprio. Confiança e sentimentos positivos para ir avante são metas de todo mundo. Porém, encorajar essas qualidades enquanto pais nem sempre é fácil.
Percebo que muitos pais desejam tudo de bom para seus filhos, e, no entanto, acabam fazendo tudo por eles e até encobrindo ou passando a mão nas falhas ou nos erros das crianças. Eles esquecem que erros são ótimas oportunidades de aprendizado.
Acredito que nosso trabalho é ajudar as crianças a desenvolver ao máximo o potencial que elas apresentam e ao mesmo tempo introduzi-las nas relações interpessoais.
As crianças precisam entender que suas ações podem interferir nas outras pessoas e que seus comportamentos podem ter consequências. Portanto, a culpa de ter feito algo inadequado faz parte do desenvolvimento da moral. É como se a criança fosse desenvolvendo lentamente sua bússola interna. Detalhe, se arrepender do comportamento inadequado é muito diferente do sentimento de vergonha e desvalia!
Como empoderar as crianças a resolver suas questões infantis?
Nossa, que pergunta complexa!
Evite apontar o dedo para as falhas de seu filho. Algumas crianças são muito sensíveis a críticas. Precisamos ter em mente que quando chamamos a atenção de nossos filhos por algo inadequado que ele fez, a chamada de atenção não é para a pessoa em si e sim para o comportamento. Algumas crianças quando confrontadas se sentem muito mal.
O que fazer então? Como lidar com a situação e não promover a baixa autoestima da criança?
Vamos tentar 3 estratégias?
- 1. Se antecipe as desculpas: "Eu sei que você não quis". "Você provavelmente não imaginou que!". "Acho que você estava tentando". Esse tipo de conduta parental mostra a seu filho que você sabe que ele é uma boa pessoa e tem boas intenções, mesmo ele tendo feito algo inadequado.
- 2. Diga a seu filho o que ele fez de errado e como isso afetou o outro: "Quando você bate no seu irmão/amigo machuca e ele sente dor". "Parece que você não se importa com os sentimentos de seu amigo/irmão, mas ele realmente está triste!".
- 3. Vamos em frente: cozinhar algo que já passou não é proveitoso. Assim, vamos seguir em frente e fazer o melhor. Pergunte ao seu filho questões que podem ajudá-lo a resolver o problema ou soluções para reparar a situação: "O que você pode fazer para ajudar seu amigo/irmão a se sentir melhor?". Pode envolver um pedido de desculpas, algo para confortar o amigo, organizar a bagunça, etc. Quando seu filho faz reparações ou algo gentil, isso promove genuíno arrependimento e desejo de fazer o certo. Crianças encorajadas agem melhor e se sentem melhor.
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br. Instagram: @terapeutadebebes_familia
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