Observatório Atibaia: astrofísica e natureza em um único local
Daiani Pinheiro
Rafael Sprengel
Instagram: atibaia.city
Localizado em Atibaia-SP, o Observatório de Radioastronomia e Astrofísica do Itapetinga, mais conhecido como Observatório do Mackenzie, foi fundado em 20 de outubro de 1973 por um grupo de entusiastas em aplicar técnicas de rádio em astronomia, lideradas por Pierre Kaufmann. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) o observatório é um dos mais modernos do mundo. Para pesquisas, ele possui um radiotelescópio de precisão para ondas milimétricas, com diâmetro de 13,7 metros e redoma de 23 metros.
O observatório tem como objetivo observar as nuvens de gás que envolvem as estrelas ainda em fase de formação, e essas pesquisas fazem parte de um projeto maior de estudos desses astros, sendo usadas, na maioria das vezes, por universidades.
Uma das pesquisas é a observação de moléculas (vapor) de água em 22 GHz (GIGA-HERTZ) conhecida como maser. Em termos simples, o maser é um tipo de emissão parecida com o laser, mas ao invés de luz (o “L” da sigla laser) a emissão é em microondas (o “m” da sigla maser). Encontrar masers de água em estrelas ainda em formação nos dá a indicação da pouca idade e da massa do objeto, podendo estudar o ciclo de “vida” da estrela.
Uma grande vantagem por ser um radiotelescópio é que não há a necessidade de esperar anoitecer para fazer a observação, podendo observar 24 horas por dia.
Em conversa com José Luiz Monteiro do Vale, observador atuante no local, pôde-se entender melhor como é o funcionamento do observatório de Atibaia. Segundo José, o observatório pertence à Universidade MACKENZIE, mas através de um convênio foi gerido nos últimos 30 anos pelo INPE. A USP e a UNICAMP participam no desenvolvimento de receptores com tecnologia de ponta.
O observador relatou em entrevista ao atibaia.city que o local está passando por um período de reestruturação, e isso acontece pelo fato de que há dois anos o fundador, Pierre Kaufmann, veio a falecer, e com isso várias mudanças na presidência do observatório ocorreram. Questionado se o local poderia ser considerado um lugar turístico ou não, José explanou: “O problema de ser turístico é que muita gente chega aqui, fica bravo, e pergunta ‘o que é que vou ver?’ e a pessoa não vai ver nada. Ela irá ver a antena, que é maravilhosa, mas a pessoa quer ver algo brilhando, quer ver luzes piscando, estrelas Então a gente tenta explicar o que é antena, o que ela faz, e por isso que eu digo que aqui é para uma turma mais técnica”.
Porém, não há nada que impeça visitação do local, que é de fácil acesso. Nele, além de conhecer como funciona o trabalho no radiotelescópio, pode-se também aproveitar a linda paisagem que o lugar oferece. “Então eu não posso chegar aqui e te mostrar uma imagem, pois a imagem que eu irei te mostrar não irá te representar nada do que o olho humano é capaz de ver, pois essa antena já detectou vapor d’água fora da nossa galáxia há muitos e muitos anos luz de distância, sendo 6 meses de integração, 6 meses olhando para o mesmo ponto todo o dia e no fim você consegue ver um resultado”, conta José, explicando o motivo das informações que o radiotelescópio capta serem algo científico e não muito atraente para o público, e completa: “eles [os visitantes] chegam aqui e querem ver as estrelas e se decepcionam por não verem nada, porém logo se interessam pelo funcionamento e se encantam com a beleza do local”. Além da paisagem natural com muitas árvores e montes, há também um lago e diversos locais propícios para fotos.
O observatório é aberto ao público, e quem se interessa em conhecer tem total liberdade para chegar e conhecer o espaço. José fala também qual a função da redoma, contando que ela funciona como um “óculos de sol” para a antena, protegendo de vento, de chuva, de pó e de neve - isso para locais com esse tipo de clima, como por exemplo, o Chile, que possui várias antenas semelhantes. Já a escolha por construir o observatório em Atibaia tem, como um dos motivos, estar perto de São Paulo, que facilitava, na época da construção, para os pesquisadores da capital virem fazer seus estudos no interior.
A partir de 2006 o controle da antena passou para São Paulo, e de lá os pesquisadores controlam tudo o que acontece aqui em Atibaia, sem mais terem a necessidade de virem até a cidade. Antes, os pesquisadores vinham até Atibaia e tinham acomodações no observatório para realização de sua pesquisa.
Existem projetos em análise para aperfeiçoamento da infraestrutura a fim de trazer mais objetos ligados a observação do espaço, tornando-o mais lúdico para o público, além disso, a direção do local busca integração de estudantes da região - para estudos e/ou visitação. Um ótimo local para visitar, que junta o conhecimento e a natureza de Atibaia.
Para visitas, saiba mais no WhatsApp do observatório - (11) 98757.9751
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