Atraso na fala: quando se preocupar
Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*
O atraso na fala é um dos sintomas que mais causam preocupação nos pais e profissionais. É fácil perceber quando a criança apresenta algum atraso principalmente quando convive com pares da mesma faixa etária e que estão com a fala bem mais desenvolvida.
Cuidado com uma fala muito comum que vira e mexe ouvimos alguém dizer: "Cada criança tem seu tempo". Opa, muita calma nessa hora! Não é bem assim! Claro, cada criança tem seu tempo, porém existem alguns marcos no desenvolvimento do ser humano, incluindo a fala, que não podem ser ignorados, pelo contrário, é importante ligar o sinal de alerta quando percebemos algo diferente para observar mais atentamente, pois o atraso na fala pode sim ser o sintoma de um problemão.
O atraso na fala e na linguagem merece toda nossa atenção, pois ele pode ser um sinal precoce de que algo não está indo bem com o desenvolvimento da criança. Dentre as possíveis causas desse atraso no desenvolvimento da fala estão a dificuldade de audição ou falta de estímulos adequados - e aqui estão incluídas as crianças que ficam muito tempo ligadas nos eletrônicos. O quadro também está associado a limitações cognitivas e autismo. Ainda pode ser um indicador de transtorno no desenvolvimento da linguagem, conhecido por distúrbio específico da linguagem (DEL). E também pode ser que a criança não esteja conseguindo planejar e/ou programar adequadamente os movimentos para reprodução da fala, o que chamamos de apraxia da fala. Além de poder estar relacionado com alguma questão psicológica.
A criança que apresenta alguma dificuldade nesta área deve ser encaminhada para um especialista o mais rápido possível, no caso o fonoaudiólogo, para que possa ser realizada uma avaliação das possíveis causas, evitando assim que o problema se agrave ou gere atrasos ainda maiores no desenvolvimento, uma vez que a linguagem impacta em várias áreas de nossas vidas.
No consultório, como neuropsicopedagoga, eu recebo para avaliação crianças muito pequenas que apresentam queixas de atraso na linguagem falada combinado com outros sintomas, como desenho empobrecido, falta de interesse em histórias, desinteresse por atividades que envolvam papel, atrasos na coordenação motora fina e muitos outros sintomas. Ou seja, a fala pode ser um dos sinais, porém algumas vezes vem acompanhada de muitos outros, o que aumenta ainda mais a tensão dos pais e educadores.
É importante que em casa os pais estimulem a linguagem na criança desde pequenas, conversando com ela, repetindo a palavra correta quando ela errar e evitando se dirigir a criança com falas infantilizadas. Eu sei que parece "fofo" em um primeiro momento, mas na verdade, quando fazemos isso, estamos estimulando a criança a falar errado. Também podemos conversar normalmente com a criança, usando um vocabulário rico, sem medo de que a criança não irá entender, basta explicar o significado da palavra. E não podemos esquecer da leitura, que é uma forma lúdica de estimular a linguagem e que as crianças amam.
E quando a criança, mesmo convivendo em ambientes ricos em estímulos, apresentar comprometimento no desenvolvimento da fala, a busca pelo profissional é imprescindível e principalmente o acompanhamento precoce, pois quanto antes ocorrerem as intervenções menores serão os prejuízos no seu desenvolvimento geral e inclusive poderá destravar essa linguagem para que ela se desenvolva de forma natural e saudável.
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/
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