TDAH não é “modinha” ou “frescura”!
O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) é um transtorno que pode causar sérios prejuízos na vida de uma pessoa, principalmente quando não é tratado. Esse transtorno apareceu pela primeira vez no DSM, Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, no final da década de 80. Porém, muito antes ele já era citado no DSM, porém com outra nomenclatura, que foi sendo alterada com o passar dos anos.
Em um período de 20 anos, a prevalência subiu de 6,1% (1997 a 1998) para 10,2% (entre 2015 e 2016), segundo pesquisas. Foi neste momento que começaram os comentários e dúvidas em relação ao crescimento no número de diagnósticos. Vários meios de comunicação começaram a questionar a existência da condição, como vemos até hoje, principalmente nas redes sociais. Já ouvi tantos comentários e insinuações, que só lamento a ignorância de algumas pessoas, pois esse transtorno não apenas existe, como pode causar sérios prejuízos para a vida de uma pessoa em todos os âmbitos: acadêmico, pessoal e profissional.
O que eu posso afirmar para vocês: NÃO É MODINHA! NÃO É UMA INVENÇÃO! O TDAH é um transtorno neurobiológico, com base genética, muito bem estudado pela medicina. O aumento de casos tem razões multifacetadas, entre elas, uma maior conscientização e compreensão da condição. Não podemos esquecer que, com as mídias sociais, a sociedade se tornou mais informada sobre diversos assuntos, inclusive sobre os transtornos, com isso as pessoas começaram a identificar os sintomas em si mesmas e a buscar ajuda profissional. Também houve uma mudança nos critérios diagnósticos, que se tornaram mais abrangentes, o que contribuiu para uma melhor caracterização do transtorno nas pessoas.
Segundo a literatura médica, existem três tipos de TDAH, o predominantemente desatento, o predominantemente hiperativo e impulsivo e, por fim, o combinado. Em meninas, geralmente, o TDAH aparece como predominantemente desatento, enquanto em meninos, aparece como predominantemente hiperativo e impulsivo. A realidade é que os meninos têm de 3 a 8 vezes mais chances de receberem diagnóstico e tratamento, do que as meninas. Para vocês terem uma ideia, se eu tenho 10 pacientes com TDAH, apenas 1 ou 2 são meninas. Raramente recebo meninas em meu consultório para avaliação.
O aumento do TDAH causa impactos e afeta a sociedade, família e educação. No âmbito da escola, crianças com o transtorno podem enfrentar dificuldades de aprendizagem, problemas de comportamento e de relacionamento com colegas e professores. Nos adultos, a dependência de substâncias como drogas e álcool é uma comorbidade bastante frequente em pessoas com a condição.
Minha orientação profissional é que se você é adulto e reconhece os sintomas em si mesmo ou é pai/mãe e percebe nos filhos, procure ajuda profissional. O tratamento normalmente une psicoterapia, psicopedagogia (no caso de estudantes) e medicamentos. No caso dos jovens e adultos, há também, treinos cognitivos. O que não devemos fazer é fechar os olhos para o problema, que pode se agravar na vida adulta!
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica, Pedagoga com Habilitação em Administração Escolar, Especialista em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual, Professora/Formadora em Educação Inclusiva, além de Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar, clínico, empresarial. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com. Instagram: @neuropsicocristianesaraguci. Facebook: @neuropsicocristianesaraguci. Site: www.cristianesaraguci.com.br
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