Sábado, 23 Nov 2024

Será que excluir os carboidratos emagrece?

Cássia Lozzi Navas*

Como estamos em uma sociedade que tem uma mentalidade de dieta bem enraizada, retirar alimentos do dia a dia com o propósito de emagrecer ou ser mais saudável é algo bem comum. Mas será que é positivo?

O grupo dos energéticos (que eu expliquei no texto da semana passada) é o que mais sofre com as dietas da moda. Normalmente os alimentos fontes de carboidratos e gorduras, são vistos como vilões e proibidos, sendo muitas vezes excluídos da alimentação. O resultado dessa exclusão pode até ser percebido em uma perda de peso rápida inicial, porém, nem sempre essa mudança na balança é positiva.

De maneira bem geral, nosso corpo armazena a glicose (uma molécula mais simples do carboidrato) na forma de glicogênio (molécula mais complexa e tem ligação forte com a água), tanto nos músculos quanto no fígado. Quando uma pessoa fica dias na restrição de carboidratos, o corpo busca fontes de energia nos estoques e utiliza a reserva de glicogênio dos músculos. Isso resulta em uma perda da quantidade da reserva muscular junto com uma determinada quantidade de água. Ou seja, inicialmente o peso na balança reduz, mas não necessariamente a pessoa emagrece, porque ela perde mais massa muscular e água, do que gordura.

A outra questão sobre essa restrição de alimentos fontes de carboidratos é que não é algo fácil de manter a longo prazo, então a pessoa volta a comer esses alimentos. E além dessa retomada causar o "efeito sanfona", inicialmente pela recuperação do glicogênio muscular, tem alta possibilidade da pessoa ter pensamentos negativos sobre comida, exageros alimentares ou compulsão alimentar com os alimentos que tinham sido proibidos.

Então, fica um alerta: excluir um grupo de alimentos pode trazer prejuízos para as atividades diárias, para a composição corporal e para os comportamentos alimentares.

A saída não é excluir, e sim observar melhor seu corpo, entender seus sinais de fome, saciedade e satisfação, e buscar incluir alguns alimentos que não fazem parte do seu dia a dia.

* A autora é Nutricionista (CRN3-47509) graduada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e aprimorada em Transtornos Alimentares pelo AMBULIM IPq-USP. Realiza atendimentos clínicos com abordagem comportamental em consultório particular. Atua em prevenção e educação alimentar, com experiência em transtornos alimentares, obesidade, comer transtornado, e com pessoas que, de maneira geral, querem ter um olhar mais gentil com a alimentação e com o corpo. Instagram: @nutricassialozzinavas e e-mail: oinutricassia@gmail.com

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