Ecolalia: um eco na fala
Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*
Quantas situações vivenciamos na infância, não é mesmo?
Hoje quero falar sobre um sintoma chamado "ecolalia" que pode aparecer na infância, basicamente ela é compreendida como uma repetição em eco da fala de outras pessoas. Como é um assunto extenso, vou me ater aos pontos principais sobre o tema e buscar uma forma didática de explicar ao leitor.
Primeiramente precisamos esclarecer que na literatura esse sintoma é encontrado em uma diversidade de casos clínicos neurológicos, como as afasias, o retardo mental e as lesões de mesencéfalo, como também em casos psíquicos, como a esquizofrenia e principalmente nos casos de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Voltando a definição, podemos dizer então que a ecolalia é uma tendência para repetir palavras ou frases faladas por outros. Mas calma, quando a criança é pequena e se encontra em fase de desenvolvimento de linguagem ela também pode repetir palavras, porém existe algo que diferencia o desenvolvimento saudável do que podemos chamar de patológico e é aqui precisamos estar atentos.
Antes de diferenciarmos o saudável do patológico, vamos conhecer outra característica da ecolalia, ela pode ser "imediata", "tardia" ou "mitigada", ou seja, as repetições podem ocorrer pouco tempo ou imediatamente após a fala modelo, como também após um tempo significativamente maior de sua produção, além de poderem ocorrer com modificações das falas ecoadas, seja imediata ou tardia, para fins comunicativos.
Então, como diferenciar a repetição saudável, que faz parte do desenvolvimento da linguagem na criança e, que não caracterizam atraso ou alteração, da repetição patológica? A diferença existe quando existem outros aspectos ou características de atraso na linguagem e dificuldades de interação social associados. Nestes casos é importante procurar um especialista em linguagem, no caso, os fonoaudiólogos, para que seja realizada uma avaliação.
O desenvolvimento da linguagem é um assunto extenso, complexo e envolve vários fatores. Portanto não existem respostas e receitas prontas. Cada caso é um caso e precisa ser devidamente analisado.
Se você conhece crianças que se encontram no espectro do autismo e que se comunicam verbalmente (falam), é bem provável que perceba que elas repetem palavras e frases ditas por outras pessoas, inclusive que tiveram contato através de comerciais de TV, desenhos animados, filmes ou até internet.
Como eu já mencionei em artigos anteriores, quanto mais precocemente a criança com atrasos ou alterações no seu desenvolvimento for encaminhada e avaliada de forma adequada por profissionais especializados, melhores poderão ser as oportunidades de intervenção precoce e de desenvolvimento. A intervenção precoce é fator fundamental na evolução de crianças, principalmente quando falamos em crianças que se encontram no espectro do autismo.
A linguagem é um marco importante no nosso desenvolvimento, sendo assim muitos casos que chegam em nossos consultórios têm alguma relação com a linguagem, seja ela escrita ou falada. Portanto, procure um profissional especializado assim que perceber que algo não está dentro do esperado para a faixa etária da criança, não deixe para depois, pois os atrasos podem piorar e terem comprometimentos bem maiores quando não tratados.
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/
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