A dificuldade de aprendizagem não é preguiça ou desinteresse

Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*

A dificuldade de aprendizagem é mais comum do que se possa imaginar, principalmente após a pandemia, o número de crianças com atraso escolar aumentou significativamente. No ambiente de sala de aula encontramos crianças com atrasos importantes, mas que nem sempre as famílias procuram ajuda profissional.

Existe aquela dificuldade que é passageira, relacionada ao entendimento de um assunto específico ou, quem sabe, um problema de visão, por exemplo. Neste último caso, você leva a criança ao oftalmologista, ele receita o óculos e problema resolvido. Porém existem aqueles problemas mais sérios, como falta de atenção acentuada, agitação motora, mal comportamento, dificuldade em entender a maior parte das matérias escolares, letra ilegível, atraso grande na alfabetização (a criança já está no 3º ano e ainda não consegue ler nada), atraso na fala (criança não fala ou apresenta ecolalia, que é a repetição do que ouve, sem se comunicar, responder perguntas ou pedir as coisas), a criança não atende ao ser chamada (você tem a impressão de que ela não escuta), a criança apresenta muitas inversões de letras.

Nestas situações citadas acima, que são as mais comuns no consultório, é muito importante que se procure um profissional da Neuropsicopedagogia ou Psicopedagogia para uma avaliação, pois quanto antes for descoberto o que está impedindo seu aprendizado e desenvolvimento, menores serão os prejuízos. A criança sem ajuda começa a acumular atrasos em relação as outras crianças da mesma faixa etária.

A avaliação nestas situações citadas é feita em sessões regulares, pois como são sintomas comportamentais, não existem exames para o diagnóstico. Os exames que o médico neurologista solicita são para descartar outras possibilidades, como uma deficiência auditiva, por exemplo. O diagnóstico é feito através de observação clínica e até mesmo nos ambientes naturais, dependendo do caso. Uma avaliação pode durar em média 8 sessões, podendo ser um pouco mais, dependendo do desempenho da criança nas sessões.

Após o período de avaliação é emitido um relatório com as observações clínicas e o parecer diagnóstico, esse relatório é entregue na devolutiva para a família. Conforme o resultado da avaliação a criança pode ser encaminhada para outros especialistas e médico neurologista, para que o mesmo feche o diagnóstico e oriente sobre o tratamento, que em alguns casos inclui medicamentos.

Concluídas essas etapas, o terapeuta da Neuropsicopedagogia ou Psicopedagogia, elabora o plano terapêutico para iniciar as intervenções nas dificuldades apresentadas e descritas na avaliação diagnóstica.

Infelizmente, em nossa sociedade, ainda existe a cultura do "rótulo". É comum ouvirmos pais e professores chamando a criança de "preguiçosa" ou "desinteressada", demonstrando total falta de sensibilidade com as dificuldades que a criança pode estar apresentando, porém expressando através de seu comportamento. Todo comportamento tem uma função e as quatro principais são: atenção social, esquiva de demanda (fugir de uma tarefa que não quer realizar), reforço tangível (quer ter acesso a algum item ou atividade preferida) e estimulação sensorial.

Se esse artigo fez sentido para você e conhece alguma criança nesta situação, te aconselho a buscar ajuda profissional o mais breve possível para que a criança tenha um prognóstico melhor no futuro.

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/