O que você vai ser quando crescer?
Alguns anos atrás se você fizesse essa pergunta para um jovem ouviria: advogado, juiz, médico, engenheiro. E hoje? Influencer??? Podem me chamar de pessimista, mas isso me preocupa demais. O que vemos hoje são conteúdos que estimulam a alienação. O discurso de muitos jovens deixa claro o interesse por trás da escolha: ganho de "dinheiro fácil", sem esforço. E sabemos onde isso vai dar, não é mesmo? Sinceramente, é lamentável que pessoas que produzem conteúdo para esse público não reflitam sobre os impactos negativos que terão na vida de milhares de jovens a médio e longo prazo.
Uma matéria que saiu na revista "Isto é: Dinheiro", trouxe dados de uma pesquisa realizada pela Startup INFLR em 2022. Ela revelou que 75% dos jovens brasileiros sonham em ser influenciadores digitais. Destes, 64% motivados pelos ganhos financeiros, ou seja, dinheiro fácil. Como a pesquisa é de 2022 existe uma grande chance de os números terem aumentado. Esse resultado bate com o que eu tenho vivenciado no consultório atendendo pré-adolescentes e adolescentes.
Novamente afirmo, esses dados são muito preocupantes! Os resultados demonstram que os pais perderam o controle sobre o tempo e os conteúdos que os filhos têm consumido na internet. As consequências disso a longo prazo são devastadoras!
Certo, não vamos generalizar! Existem influenciadores sérios, com formação acadêmica, que usam as redes para disseminar conhecimento e conteúdos de relevância. Mas infelizmente, eles não são a maioria. Boa parte dos influenciadores incentivam a vida fácil, acreditam que estudar é "irrelevante" e de que todos podem ser ricos se dedicando às redes sociais. Adoram exibir seus carros de luxo, suas viagens caríssimas, as idas a restaurantes cinco estrelas e uma vida perfeita, onde você acorda sorrindo e dorme sorrindo, curte a vida, ganha muito dinheiro e tudo super fácil!
Por que alguém escolheria investir a longo prazo em sua carreira, quando tudo a sua volta incentiva a conseguir as coisas de "mão beijada"? Porém, o que esses influenciadores não fazem questão de mostrar: as pessoas que trabalham por trás das telas. A maioria tem uma equipe enorme de profissionais, inclusive com formação acadêmica, uma megaestrutura para gerar aquele conteúdo que é aparentemente simples.
Vivemos tempos difíceis na educação de crianças e jovens. Já trouxe em artigos anteriores uma outra preocupação que tenho em relação ao desenvolvimento dos jovens, a baixa tolerância à frustração. Temos uma geração de "dopaminados", com cérebros super estimulados, com um agravante, estimulados da maneira errada e consumindo conteúdos vazios. Jovens esses que não sabem o que é ler um livro!
O que não podemos esquecer é que os jovens são o nosso futuro. São eles que darão continuidade no que fazemos hoje e ocuparão lugares importantes na sociedade. A pergunta que fica é "o que podemos esperar dessa geração?". Estou um pouco pessimista em relação ao futuro, estou achando tudo muito nebuloso e incerto.
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica, Pedagoga com Habilitação em Administração Escolar, Especialista em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual, Professora/Formadora em Educação Inclusiva, além de Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar, clínico, empresarial. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com. Instagram: @neuropsicocristianesaraguci. Facebook: @neuropsicocristianesaraguci. Site: www.cristianesaraguci.com.br
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