Terça, 26 Nov 2024

Proibir ou não o uso de celular no ambiente escolar?

scolaNas últimas semanas, os noticiários, colocaram holofotes sobre a aprovação de projeto de lei na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) que proíbe o uso de celulares e aparelhos eletrônicos em escolas públicas e privadas do Estado de São Paulo.

Você é a favor ou contra a proibição?

Uma coisa é certa, precisamos resolver o problema do uso excessivo de aparelhos eletrônicos nas escolas. Será que proibir é o caminho? Vamos refletir sobre o assunto.

Os aparelhos eletrônicos, principalmente os smartphones, realmente prejudicam o nível atencional e a socialização de qualquer indivíduo. Isso já é um fato que não precisa de muita discussão! É difícil competir com eles quando o assunto é "atenção". Infelizmente, o que vemos hoje, é uma epidemia de crianças e adolescentes "zumbis", basta olhar a sua volta. E por mais que alguns sejam contra a proibição, até agora ninguém havia apresentado uma solução que funcionasse.

Alguns vão dizer que o segredo é "educar". Concordo! E teremos que fazer isso. Mas sem deixarmos de considerar que os aparelhos eletrônicos são altamente viciantes, principalmente para crianças e adolescentes. Experimente retirar o celular de uma criança ou adolescente que tem acesso livre ao aparelho durante horas e observe o comportamento dele, provavelmente entrará em crise de abstinência.

Além da atenção, os aparelhos eletrônicos também prejudicam a socialização. É comum encontrarmos grupos de jovens e crianças sentados próximos, com os olhos fixos no celular e sem trocar uma palavra. Aliás, já presenciei eles se comunicando por chat, estando um ao lado do outro. É no mínimo bizarro! A infância e adolescência são fases importantes do desenvolvimento humano, onde as habilidades sociais e cognitivas vão sendo aprimoradas. Os prejuízos são enormes nestas áreas, inclusive podendo levar a problemas mais sérios de saúde mental. O ser humano não sobrevive sozinho, somos seres sociais. Nossa vida gira em torno das relações sociais, seja na família, no trabalho ou em qualquer outro ambiente. Aprendemos uns com os outros. É nas interações que mora boa parte dos nossos aprendizados!

É inegável que a internet nos ajudou a ter acesso rápido às informações e facilitou a conectividade, porém a simples presença do celular pode levar a uma "fuga de cérebros", reduzindo, inclusive, nossa capacidade cognitiva. Isso porque, as notificações, curtidas e mensagens das redes sociais liberam dopamina, um dos neurotransmissores mais importante e responsável pela sensação de prazer e bem-estar, fazendo com que o cérebro fique viciado rapidamente, pois temos no celular uma fonte inesgotável de estímulos rápidos, o que reduz nosso nível atencional, dificultando a concentração na atividade que está sendo executada. Quem nunca interrompeu uma tarefa quando chegou uma notificação?

Vamos ser sinceros, nós adultos temos dificuldade de controlar o impulso de olhar o celular, como exigir que crianças e adolescentes exerçam esse autocontrole? É pedir demais! Eles não têm maturidade suficiente para isso.

Na minha experiência profissional, atendendo crianças e adolescentes com problemas atencionais e afirmo, celular é realmente um grande vilão do desempenho acadêmico, desenvolvimento cognitivo e na socialização. Uma vez que você reduz e restringe o uso do aparelho, muitos sintomas são amenizados. Principalmente em crianças que já sofrem com algum transtorno do neurodesenvolvimento, como TDAH e TEA. Ou seja, contra fatos não há argumentos!

O cérebro das crianças e adolescentes está em pleno desenvolvimento, com isso são mais suscetíveis ao vício, às distrações, à manipulação de captura pelas redes e violência. O papel da escola e das famílias é ensiná-los a lidar com isso! Porém, somente ensinar e não restringir, não funciona! É preciso ter um certo controle e monitoramento do uso do aparelho.

Sinceramente vejo com bons olhos essa iniciativa da proibição, acredito ser o primeiro passo para começarmos a colocar ordem no caos. Vamos trocar o pneu com o carro andando! Juntos chegaremos a uma solução que atenda a necessidade de toda sociedade e que irá beneficiar, principalmente, nossas crianças e adolescentes de todo o País.

* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica, Pedagoga com Habilitação em Administração Escolar, Especialista em Intervenção ABA no Autismo e Deficiência Intelectual, Professora/Formadora em Educação Inclusiva, além de Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar, clínico, empresarial. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com. Instagram: @neuropsicocristianesaraguci. Facebook: @neuropsicocristianesaraguci. Site: www.cristianesaraguci.com.br

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