Pessoas Boazinhas
Dra. Regiane Glashan*
"Sempre me dediquei com afinco a tudo que fiz e faço. Faço tudo com prazer - Quero que todos fiquem bem. Sabe, eu me alimento do bem-estar do outro. Procuro fazer a comida que todos gostam, mesmo que seja um prato específico para cada um. Conheço os pratos preferidos de meus filhos, de meu marido e até de amigos próximos e também as cores e outras coisinhas. Adoro ver contentamento e bom humor em casa e na família em geral. Coloco panos-quentes em tudo - detesto brigas e confusão. Pago o que for para não ter discussão ou desavenças em casa. Meu marido, `as vezes, me chama de chata, de cansativa, de "Poliana", pois, vejo o lado bom de tudo e quero sempre agradar! Quer saber? Por vezes eu me canso de ser boazinha - parece que ninguém enxerga o quanto eu me sacrifico pelo outro. O problema é que eu não sei fazer diferente. Aprendi a ser assim desde criança e agora como eu posso mudar? Quero mudar e quero que as pessoas também se preocupem comigo. Pelo menos um pouquinho!".
Esse foi o depoimento de uma mulher que desenvolveu o que podemos chamar de "Síndrome da Pessoa Boazinha". É claro que essa condição não é uma patologia em si ou que esteja presente em manuais de classificação de doenças mentais/emocionais. É apenas um conjunto de situações que demonstram o quanto essa pessoa sofre em ter que estar o tempo todo querendo agradar e ser reconhecida por suas ações e boas intenções.
Como vocês podem notar não é nada fácil ser assim! Não é nada fácil mesmo! Porém, é muito frequente encontrarmos pessoas que agem dessa maneira! É por isso que durante algumas semanas vamos falar sobre esse tema com vocês.
Será que as Pessoas Boazinhas são sempre boazinhas? Será que a Síndrome da Pessoa Boazinha só acomete mulheres?
Durante as semanas em que abordaremos esse tema, nós não vamos enfocar o ato de ser bondoso (adjetivo: Que possui, denota ou demonstra bondade: indivíduo bondoso; ato bondoso; uma força pessoal - www.dicio.com.br - dicionário online de português) que é uma característica humana louvável. O contexto que abordaremos é aquele onde a pessoa boazinha faz do "ser boazinha" um padrão de vida - um padrão problemático de viver para agradar!
Primeiro de tudo, ser uma pessoa boazinha não é uma questão de gênero. Temos muitos homens e mulheres bonzinhos espalhados pelo mundo afora! Provavelmente, os bonzinhos acreditam que para serem aceitos, amados e admirados eles precisam constantemente da aprovação do outro.
Segundo, as pessoas boazinhas costumam ser educadas, amáveis, prestativas, divertidas, charmosas e fazem de tudo para que as pessoas ao seu redor se sintam bem. Evitam ao máximo causar decepção, dizer Não, entrar em conflito e se colocarem como pessoas com desejos e necessidades, pois, as necessidades do outro estão sempre em primeiro plano.
Você se identifica com as pessoas boazinhas de alguma maneira? Você conhece alguma pessoa boazinha?
Se você respondeu sim a uma das perguntas acima, essas matérias podem ser legais para você!
* Terapeuta Familiar - Casal - Individual, ênfase na relação mãe-bebê. Especialista-Mestre-Doutora-Pós-Doutora pela UNIFESP, Fellow Universidade Pittsburgh - USA. Site: www.terapeutadebebes.com.br
Veja mais notícias sobre Dra. Regiane Glashan.
Comentários: