Leitura e escrita como prática social: o letramento!
Cristiane Fernandes Esteves Saraguci*
A alfabetização é desde sempre uma preocupação nacional. Os anos passam e nos deparamos com pesquisas sobre a eficácia da alfabetização em nosso país. Porém, temos uma outra questão para nos preocuparmos, ser alfabetizado não é mais suficiente para atender a todas as demandas da sociedade complexa em que vivemos na atualidade. Antigamente se o indivíduo soubesse escrever o próprio nome e um bilhete já era considerado alfabetizado. Hoje não mais, porque ler e escrever de maneira mecânica não garante uma interação com os diversos tipos de textos que circulam na sociedade, sendo necessário também entender os significados do uso da leitura e da escrita em contextos diferentes.
Neste ponto iremos falar sobre o "letramento", um termo relativamente novo e técnico, que surgiu da palavra inglesa "literacy" (letrado) como consequência de uma nova realidade social. Sendo assim, letrado é aquele que além de dominar a leitura e a escrita faz uso competente e frequente de ambas. O letramento muitas vezes é confundido com alfabetização. Ele não é a alfabetização, mas a inclui!
Não basta se preocupar apenas com a alfabetização, mas também com o contexto social em que o aluno está inserido.
A tarefa de alfabetizar letrando significa desenvolver nos alunos um conjunto de habilidades e comportamentos de leitura e escrita que lhes dê condições de fazer uso de maneira mais eficiente das capacidades técnicas de leitura e de escrita. O processo de ensino-aprendizagem na escola não pode ser visto como um mundo à parte, é necessário ter a finalidade de preparar o indivíduo para a realidade na qual está inserido.
Existem também níveis de letramento. Podemos deduzir que quanto mais anos de escolaridade, maior o letramento. Errado! Boa parte dos estudantes que completaram o ensino médio e não completaram o ensino superior, não atingiram o nível 3 de letramento, e uma outra parte que já concluiu o ensino superior estão no nível 1 ou 2. Sendo assim, podemos concluir que independente do indivíduo ter completado um ano de escolarização não significa que se tornou letrado de forma adequada e permanente.
O letramento também tem grande influência desde a primeira infância. Na verdade o letramento começa muito antes da criança pegar em um lápis. A partir das suas experiências em família e sociedade, pois tem contato com diversos materiais escritos em lugares diferentes e de formas variadas.
A linguagem não só transmite cultura, mas também pertence a ela. Isto porque passa de geração em geração. Já o letramento é um ato social, pois para considerar-se letrado o indivíduo precisa envolver-se em práticas sociais de leitura e escrita, mesmo que não seja alfabetizado. Um indivíduo letrado consegue exercer plenamente seus direitos de cidadão, uma vez que passa a ter uma leitura diferenciada do mundo.
Esse é o grande desafio da educação, alfabetizar letrando!
* A autora é Neuropsicopedagoga e Psicopedagoga Clínica e Institucional, Pedagoga especialista em Administração Escolar, Coach Pessoal, Profissional e Líder Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Analista Comportamental Disc pela Gestor Performance. Possui experiência de mais de 20 anos na área, atuando no âmbito escolar e clínico, como também no mundo business como Coach, palestrante e desenvolvendo pessoas. Contatos: E-mail: crissaraguci@hotmail.com; Instagram: @neuropsicocristianesaraguci; Facebook: @conexãodoaprender e Blog: https://conexaodoaprender.home.blog/
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Comentários: 1
Boa Noite Deixo aqui meus cumprimentos a professora Cristina Saraguci pelo texto apresentado sobre a leitura e escrita como Prática Social. Quero aproveitar para usar como fonte de pesquisa no meu trabalho da faculdade.