Terça, 18 Mar 2025

É sério mesmo!

E aí? Tudo bem? Não sei se você se lembra de mim Tá lembrado? Eu me lembro. Mais ou menos, mas eu me lembro. Sou péssimo nesse negócio de lembranças, de quem é quem, de onde quem vem, pra onde quem vai, e se é que vai, o que é que alguém vai fazer lá.

Sei lá, tem tanta coisa a ser feita por aí e por aqui que parece até o Brasil. Na verdade eu falo do Brasil, que dizem ter sido descoberto pelo Cabral. Ou, perdão! Terá sido descoberto pelo Lula?

O Lula costuma dizer que já fez tanta coisa por aí que a gente chega até a pensar que foi ele quem descobriu o Brasil. No máximo, o Cabral era assistente dele. Ou da casa real. Realmente.

Dito isso tudo me parece claro que eu esteja falando do Brasil do Lula, não o Brasil da gente. Porque tem dois Brasis, o do Lula e o do resto. O Brasil do Lula vai numa boa. Imagine só um metaleiro, ou metalúrgico que nunca chegou a ser tão atuante, tomando conta de "um país maior que tão enorme", como diria o próprio, eu falo do Lula, aquele ser que já foi.

" Já foi "

Quando eu digo "já foi" é no sentido de já ter ido, porque quando a gente encontra com um amigo daqueles bem antigos, daqueles que eram amigos quando a gente era criança e pergunta: "e o Zé?". Com tristeza nos olhos o amigo responde: "O Zé já foi".

Tanto Zé que já foi que a gente até já está se achando sozinho. Até a "turcida du Curintia" tá ficando bem menor. Já reparou?

Mas, retomando o papo, o "cumpanhero" Lula foi o metalúrgico que nunca teve onde guardar suas coisas nos lugares onde ele ia trabalhar.

Para falar a verdade, eu nem lembro onde o Lula trabalhava. Cabe até a pergunta para mim mesmo: o Lula chegou a trabalhar em algum lugar? Vai ver que nem ele sabe. Vai ver que nem ele lembra. Trabalhar? Trabalhar como? "Eu sou metalúrgico, mano. Metalúrgico é metalúrgico, tá sabendo?".

Pois é, o Lula, segundo diz e dizem alguns, era metalúrgico. O metalúrgico que trabalhava em fazer a cabeça dos outros. "Vota em nóis, mano!", sempre foi o seu grito de guerra.

" Gritaí, mano "

De grito em grito, de greve em greve, o Lula chegou lá. Sendo que as greves nem eram dele, eram de pedreiros, carpinteiros, profissionais da louça, dos alfaiates, tintureiros, tocadores de ônibus e bondes.

Lembra quando São Paulo era coberta por bondes? Bondes abertos e bondes fechados. Nos bondes abertos a gente se pendurava nos estribos e vamos nós!

Quando o cobrador vinha a gente se mandava pro outro lado do bonde por onde o cobrador já tinha passado. E assim passaram os dias, como diz a canção. Numa dessas o Lula chegou e "bimba!". Olha lá o Lula de novo. Taí até hoje. Cê gosta? Então vota.

" Em frente "

E, no entanto, ainda bem, com Lula ou sem Lula a vida segue em frente. Tem jogo do Curintia, tem jogo do bicho em algumas sendas por aí, sendo que o jogo do bicho que eu falo aqui não é aquele jogo do bicho que vem enchendo a paciência da gente e a gente dá uma corrida dele e, se for o caso, joga ele pro mato. Não, o jogo do bicho que eu falo aqui é o jogo do bicho que jogam nos lugares onde tem jogo de bicho.

Também não se pode falar muito porque o jogo do bicho ainda é proibido por aqui. Por aqui e por ali. É proibido, mas a gente joga. Eu não jogo porque não sei jogar.

Uma vez eu tentei entrar no time e depois de muito custo, resolveram me colocar na ponta-esquerda. A ponta-esquerda é o lugar mais ingrato que um jogador pode ter.

" Dos craques "

São onze craques, não são? O locutor fala o nome do primeiro, que é o goleiro, dos beques, que são os beques, claro, dos caras de meio de campo, dos meias, dos pontas e do centroavante. Reparou que o nome do ponta esquerda é o último a aparecer? Isso quando aparece. Eu, repetindo, como não sabia jogar e não sei até hoje, não fico nem na plateia. Dizem que eu sou azarado. Acabo vendo pela televisão. Isso, quando a televisão passa.

E ultimamente os jogos são tão mal jogados que eu acabo dormindo num sono só. Depois fico esperando o Jornal Nacional para ver quem ganhou ou quem perdeu quando o Jornal Nacional apresenta.

Exatamente por isso eu vou me preparando para tirar o time de campo e prometer me calar por pelo menos mais uma semana. Talvez até lá eu encontre coisa melhor para falar. Talvez o Lula peça licença para ir ao banheiro, talvez o segundo dele também esteja com problemas estomacais, talvez alguma coisa séria ainda nem aconteça e assim, sem coisas mais ou menos sérias diante da falta de seriedade brasileira, que não é nada séria, talvez eu volte na próxima semana.

Acredite, é sério mesmo

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Quarta, 19 Março 2025

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