Quarta, 16 Abr 2025

Mas, vai fazer o quê?

Descobri que a melhor maneira de começar este monólogo, seria continuar quieto no meu canto, esperando a vaca voar. Como vaca não "avoa", como se diz, ou se dizia, lá nos interiores e posteriores sertões do longínquo território brasileiro, vou tocando em frente, como na canção que tanto sucesso fez. O caro leitor amigo lembra disso?

Coisa do Brasil e do brasileiro, que sempre andou devagar e sempre. Tão devagar e sempre que fica até difícil a gente chegar lá, não é?

Lá onde? - perguntaria o leitor? Sei lá se existe esse lugar e se a gente ainda vai chegar.

E chegar pra que?

Pois é. Chegar pra que?

" Fui chegando "

E é bem assim que eu fico, totalmente inconformado com esse andar tão vagaroso que se anda hoje, justamente quando o ideal seria andar com muita pressa.

Coisa de sair correndo ao invés de andarmos mais atrasados que os antigos trens da Central do Brasil. Lembra dos trens da Central? Milhões de músicas cantavam os trens da Central que nem sempre partiam na hora certa e muito menos chegavam na hora que deveriam chegar.

Dependendo da idade, o ilustre e ilustrado leitor talvez nem se lembre do trem que tanta saudade deixou em tanta gente. Eu, por exemplo.

" Coisa de caipira "

Caipirão - graças a Deus - nascido nos interiores deste Estado lindo chamado São Paulo, numa cidade que leva um nome bem significativo, Itaí. Que na linguagem Tupi ou dos índios do lugar, queria dizer pedra de ouro.

Segundo dizem, tinha muito ouro naquelas bandas, naqueles rios, naqueles riachos, sei lá. É o que contam. Só não sobrou ouro pra mim. Vai ver que nasci atrasado, sei lá.

Pois é, mas voltando ao trem que não chegou a Itaí, atualmente e praticamente só existe mesmo é nas extensões da cidade de São Paulo e arredores, onde o Metrô assumiu o posto, noves fora os trens da Central do Brasil, da antiga Sorocabana, da Paulista, algumas que ainda rasgam aqui e ali os caminhos e levam e trazem tanta gente para o trabalho.

" Mudanças "

Nossa! Como São Paulo mudou, não? Cresceu, se espalhou, acolheu, multiplicou, saiu do trem, entrou no bonde, saiu do bonde e foi para o Metrô. E todos eles continuam tão cheios, levando e trazendo gente que vai ou vem para o trabalho. Uma loucura.

Para dizer a verdade, às vezes eu sinto uma enorme saudade daqueles tempos da cidade que começava a crescer e se expandir, a receber tanta gente que vinha do Norte, do Sul e de tudo quanto é canto. Gente que, com o passar do tempo assumia a cidade em toda a sua beleza, a sua ternura, o seu jeito de ser, de se comportar, de falar, de cantar. "São-São Paulo" que a gente tanto gosta.

E acreditem, não é só a "gente de São Paulo" que adora São Paulo. É gente do Brasil inteiro.

" O que falam "

Quando a gente viaja, e eu já viajei muito por esse país afora, e quando a gente começa a conversar, as pessoas, o povo local, vai logo entendendo e percebendo que a gente é daqui, pelo jeito de falar, pelo jeito de se expressar, pelo jeito de se comportar, pelo carinho próprio do paulista-paulistano, nossa!

As pessoas adoram. Mal sabem elas o quanto a gente gosta do sotaque dos nordestinos, do sotaque dos sulistas, do sotaque das pessoas lá do Norte, lá do Oeste, cada um do seu jeito, cada um com o seu carinho, perguntando tudo, querendo saber de tudo aqui de São Paulo.

É uma delícia sair por esse país afora, para o Sul, para o Norte, Nordeste, Leste e Oeste e entrar em contato com tanta gente tão igual, tão legal, tão nossa, tão brasileira quanto nós, tanto alegres e tão choronas quando a emoção aflora. É, somos uns chorões sim.

" Chorões "

Adoráveis chorões. Sentimentais chorões. Que se emocionam com a alegria e com a tristeza. Nossa, só de lembrar já me peguei nessa toada tão gostosa de falar da nossa terra, da nossa gente.

Eu sei, eu lembro, eu critico, eu falo, eu escrevo, eu fico louco da vida com as besteiras políticas e sociais que se cometem por aí. Tem gente, muita gente sofrendo e muito por aí e por aqui. Tem gente precisando. Tem gente que dá vontade de chorar, sim, tem gente que dá vontade de chorar. Da mesma forma que tem gente que a gente gostaria que acabasse, que sumisse, desaparecesse do mapa, eu falo dos políticos enganadores ou esganadores que tanto fazem o povo sofrer.

" Mas, vai fazer o quê? "

Não sei. Um dia, talvez a gente aprenda a votar. Um dia a gente pode descobrir alguém que seja igual à gente, e que saiba conduzir esse barco tão enorme e tão poderoso que se chama Brasil.

Que deveria, como está, tentando vencer a mediocridade, a safadeza e a sem-vergonhice que tanto explora o país e dá vergonha, muita vergonha na gente.

Desculpe o amigo leitor. Tem dias que a gente só se contenta quando fala algumas verdades, não é verdade? Pois é.

Depois eu falo mais.

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